Black Mirror Renovada: Uma 6ª Temporada Metalinguística e Absurdamente Surpreendente
Descubra a surpreendente 6ª temporada de Black Mirror, uma jornada metalinguística e repleta de absurdos. A série se distancia de suas raízes, ousando explorar novos temas enquanto mantém sua capacidade de chocar e surpreender.

Para dar continuidade, a aclamada série Black Mirror precisou se reinventar. Seu criador e roteirista, Charlie Brooker, reconheceu que o mundo caótico em que vivemos dificultava a superação dos próprios temas abordados pela série.
Após um longo hiato, a 6ª temporada retorna à Netflix com cinco episódios que se destacam por abraçarem o absurdo e a fantasia, ao invés do realismo e sci-fi paranoico das temporadas anteriores.
Essa abordagem a temas e situações mais extravagantes permitiu que a série se renovasse, explorando novos personagens e histórias para evitar repetições. Com temporadas curtas nos últimos anos, Black Mirror já abordou muito terreno, mas ainda encontrou sensibilidade para explorar assuntos relevantes.
Mais metalinguística do que nunca, a 6ª temporada de Black Mirror faz comentários sobre a produção e distribuição de conteúdos audiovisuais contemporâneos. Ao menos dois episódios discutem claramente essas questões, enquanto os demais também apresentam nuances metalinguísticas aqui e ali.
O episódio “Joan is Awful” estabelece temas importantes da temporada, como a perda total de privacidade e identidade. A trama gira em torno de Joan, cuja vida é completamente exposta em um programa de TV, gerando problemas com amigos e familiares. O episódio ousa ao revelar um importante debate sobre a identidade e o valor dos atores e criadores de conteúdo na indústria.
Em “Loch Henry”, a série explora as nossas relações com os produtos que consumimos, questionando a tendência atual de se interessar cada vez mais por histórias reais sobre crimes e seus perpetradores. Novamente, Black Mirror critica a própria Netflix, que lucra com tragédias alheias. A temporada, no entanto, demonstra um afastamento dos temas típicos da série, ampliando sua abordagem.
“Beyond the Sea” é outro episódio que destoa das origens de Black Mirror. Ambientado em uma década de 1960 alternativa, apresenta a perda de identidade dos astronautas que compartilham o mesmo corpo na Terra, isolados no espaço. A série brinca com barreiras de tempo e espaço, expandindo sua liberdade criativa.
Em “Mazey Day”, porém, a 6ª temporada sofre uma queda. A história de uma paparazzi designada para tirar fotos de uma artista reclusa perde-se em um horror trash sem sentido, prejudicando o padrão da temporada.
No episódio “Demon 79”, por outro lado, Black Mirror alcança um dos destaques da temporada ao se afastar completamente de suas origens. Ambientado na década de 1970, o capítulo mistura horror e comédia de forma impecável, homenageando o Cinema da época. Apesar disso, o roteiro estreita os laços com a mitologia da série, mostrando que essas ações podem ser decisivas em futuras histórias.
Em resumo, a 6ª temporada de Black Mirror é sólida e uma ótima adição ao cânone da série, mesmo ao se afastar de regras e temas estabelecidos. A nova temporada mantém sua identidade, chocando e surpreendendo os espectadores. Com um conjunto de histórias mais regular que a anterior, Black Mirror continua a pintar uma tela maior para o público admirar.